O Sermão das Sete Palavras
Aconteceu
nessa última segunda-feira (10) santa, após a Santa Missa na Igreja
Matriz, o Sermão das Sete Palavras, que consiste na meditação das
últimas palavras de Jesus na Cruz, antes de sua morte.
O
povo
saiu da Igreja acompanhando o Crucificado carregado pelos
“discípulos”
pelas
ruas da cidade, ao redor das praças, com velas iluminando o percurso
e caminhando nos passos de Jesus.
As
primeira frase dita por Jesus:
"Pai,
perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem"
No auge do sofrimento, Cristo não perde a dimensão da fragilidade
do ser humano e implora o perdão pra nossas culpas. Seu sangue
derramado na cruz nos torna limpos para voltar à casa paterna. Mas
somos também capazes de perdoar a nós mesmos e aos outros? Quando
oramos: "Perdoai-nos, assim como perdoamos", sabemos o que
pedimos? Aceitamo-nos incondicionalmente como somos e nos
respeitamos? Quem não perdoa a si mesmo não perdoa a ninguém mais.
Quem não se aceita não aceita aos outros. Pois para isso é
necessário que se reconheça as próprias dificuldades e limitações,
esforçando-se para se corrigir. E,
dessa mesma forma, agir sempre com os outros.
A segunda frase:
"Em
verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso".
Sentindo
dores, o homem crucificado ao lado de Jesus não o insultou como os
demais. Ao contrário, pediu e recebeu o seu perdão incondicional e
imediato. Cristo não lhe prometeu o paraíso para depois. Tampouco
lhe falou de novas vidas ou de reencarnações. "Hoje mesmo"
- afirmou Jesus! E quantos de nós desacreditamos nessa misericórdia
divina, acreditando que somente nosso esforço, nesta e em outras
vidas, nos tornará dignos de voltar ao Pai.
A terceira:
"Mulher,
eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe!"
Apesar de todas as nossas infidelidades, ele não nos deixou órfãos: deu a sua própria mãe como nossa mãe. Mas seremos dignos de ser filhos daquela que disse o sim, totalmente incondicional, quando convidada a ser parte essencial do plano de Deus para nos salvar? Seremos nós também capazes de dar esse sim incondicional e, em cad atividade, testemunhar o Evangelho sem timidez? Não fomos feitos filhos adotivos de Maria e, por conseqüência, irmãos de Jesus Cristo, apenas para nos vangloriarmos de ser cristãos, sacerdotes ou ministros extraordinários da Igreja. Somente tomando consciência disso, ouviremos de Jesus: "Filho, eis aí tua mãe!
Quarta:
"Tenho
Sede!"
Jesus
teve sede mas, ao invés de água, deram-lhe vinagre. Também para
nós Jesus vive a dizer: "Tenho sede! Tenho sede de homens e
mulheres, adultos e jovens, que caminhem comigo. Que não tenham medo
de correr riscos, que não se apeguem a títulos, cargos e aos bens
transitórios deste mundo. Que estejam dispostos a levar a boa nova a
todas as criaturas. Tenho sede de justiça e de trabalho para todos,
pois afinal meu Pai não criou o mundo só para alguns, mas
indistintamente para todos. Tenho sede de pessoas que não aceitem o
erro, porque é muito difícil combatê-lo. Tenho sede de ver a
humanidade inteira totalmente feliz! Saciem pois essa minha sede, e a
minha redenção pela cruz estará plenamente realizada!"
A quinta foi:
"Eli,
Eli, laba sabachtani? - Meus Deus, meus Deus, por que me
abandonastes?"
Teria Deus abandonando seu Filho na cruz? Certamente que não. Contudo, a natureza humana de Jesus sofria tanto que ele sentiu falta do carinho de seu e nosso Pai. Quantas vezes nós também gritamos a mesma coisa, porém sem qualquer convicção de que Deus nos escuta. Quantas vezes passamos meses e anos esquecidos de Deus, nunca nos lembrando de conversar com ele, agradecendo tudo o que dele recebemos. Mas, quando nos sobrevém qualquer sofrimento e a dor nos atinge, gritamos revoltados: "Por que nos abandonastes?" Mas não é ele quem nos abandona: nós é que o abandonamos. E, de repente, queremos atribuir a ele todos os sofrimentos que nós mesmos criamos, para nós e para os outros. Fazemos de nossa relação com Deus uma transação comercial: "Eu lhe dou esmolas e orações apressadas, em compensação quero receber tudo aquilo que penso ter direito. E, se não recebo o que quero, protesto: "Por que me abandonaste?"
"Tudo
está consumado!"
"Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!"
Oremos:
Eis-me aqui, ó bom
e dulcíssimo Jesus! De joelhos ante a vossa divina presença eu Vos
peço e suplico, com todo fervor de minha alma, que Vos digneis
gravar em meu coração os mais vivos sentimentos de fé, de
esperança e de caridade, de verdadeiro arrependimento de meus
pecados e vontade firmíssima de me emendar, enquanto com sincero
afeto e íntima dor de coração considero e medito em vossas cinco
chagas, tendo bem presentes aquelas palavras que o Profeta Davi já
dizia de Vós, ó bom Jesus: “Transpassaram minhas mãos e meus
pés, e contaram todos os meus ossos.”
Att.
Pastoral da Comunicação.
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