As Três Grandes Atitudes.
Neste
tempo quaresmal somos convidados a praticar três grandes atitudes: a
caridade, o jejum e a oração. Por isso, trago-vos hoje uma reflexão
sobre cada uma delas, para que possamos, juntos, vivê-los
penitencialmente de forma agradável a Deus.
Qual
o jejum que o Senhor nos pede?
Qual
o jejum que o Senhor nos pede? Tudo aquilo que nos impede de uma
comunhão maior com Ele. Se o jejum corporal, o abster-se de certos
alimentos, nos fortalece na vivência da virtude, do autodomínio, o
jejum “espiritual” irá nos fortalecer na nossa intimidade com o
Senhor. São João da Cruz nos fala da “noite” de nossos sentidos
corporais e espirituais para que só Deus reine em nós. A ascese
entra aqui com um papel primordial. Se o ver, ouvir, tocar,
envolver-nos afetiva e emocionalmente podem nos distanciar de Deus e
nos levar ao pecado, então devo ser forte e resistir. Se a letra de
uma música pode nos levar para um mundo de fantasia, por exemplo,
erótica ou de ira, ódio, vingança, etc., para que ouvir tal
música? Cada pessoa sabe qual sua fraqueza e deve, a partir dela,
trabalhar seu interior. Isto é “jejuar” em favor de seu
espírito, de sua vida espiritual.
A
verdadeira esmola
A
esmola é sempre vista como a partilha de bens materiais. Mas existe
também a “esmola espiritual”, a partilha dos bens que o Senhor
nos concede na nossa oração. Uma esmola não exclui a outra, pelo
contrário, se completam. Se digo uma palavra vinda de Deus para uma
pessoa necessitada, estou vivendo a dimensão da esmola, sem que isto
me faça sentir superior ao outro, ou arrogante. Partilhar é sentir
que, se hoje eu tenho, amanhã posso ser eu o mais necessitado. E
quem não necessita dos outros? Todos nós somos interdependentes, e
partilhar é bom, é fraternidade.
A
oração é a grande sustentação de nossa vivência quaresmal. Nela
podemos englobar todos os nossos esforços de ascese e busca de
coerência, pois a partir dela virá a nossa conversão e, uma vez
convertidos, poderemos render muito mais para o Reino de Deus. Orar
não é ser intimista, é buscar a liberdade interior diante do
Senhor para ser melhor e ajudar os outros a também o serem. Pela
oração que é amizade com Deus, escuta, adoração, enfim, “um
impulso do coração até Aquele que sabemos que nos ama”, vamos
nos deixando transformar à imagem Daquele que nos amou por primeiro.
E isto é a busca de santidade.
Pe. Wallace Ortêncio Azevedo
- Pároco
Comentários
Postar um comentário